domingo, 13 de novembro de 2011

Depois do hiper

Depois do hiper
Por Cícero Inácio da Silva

Especialista em hipertextualidade, George Landow fala sobre a escrita na era da internet

George Landow é um dos pioneiros na crítica de textos em suportes eletrônicos conhecidos, na atualidade, como hipertexto ou hipermídia. Seus primeiros artigos e livros sobre o assunto datam de 1991 e têm grande importância como reflexão sobre a escrita e a recepção com o uso das tecnologias digitais.

Landow discute os efeitos da mídia eletrônica na criação literária, dialogando com autores como Paul de Man, Jacques Derrida, James Joyce, Gilles Deleuze, Michel Foucault, entre outros, o que o deixa numa posição diferente daquela que, por exemplo, trata de temas como “o fim do livro” pelo viés profético e “futurológico” que tem acometido grande parte da crítica a respeito do uso da tecnologia.

Atualmente, George Landow é professor de inglês e história da arte na Brown University, em Providence, nos Estados Unidos. A lista de suas publicações é extensa. Dentre elas destacam-se os seguintes livros: “Hypermedia and literary studies” (MIT, 1991) e “Word: text-based computing in the humanities” (MIT, 1993), ambos em parceira com Paul Delany, “Hypertext: the convergence of the contemporary critical theory and technology” (Johns Hopkins UP, 1992), “Hypertext in Hypertext” (Johns Hopkins UP, 1994), estudo que foi ampliado e posteriormente publicado como “Hypertext 2.0” (Johns Hopkins UP, 1997).
Além disso, Landow é editor de “Hyper/text/theory” (Johns Hopkins UP, 1994), uma coletânea com textos críticos de Gregory Ulmer, Espen Aarseth, entre outros.
Apesar de ser um autor referencial, nenhum de seus livros foi traduzido no Brasil. Uma explicação possível para essa lacuna seria sua postura crítica que não se deixa afetar tão facilmente pelas “transformações” oferecidas/provocadas pela era “tecnologial.”
Em entrevista concedida por e-mail, ele fala sobre hipertextualidade, sua obra e, acima de tudo, a recepção do texto na contemporaneidade.


No seu livro “Hypertext 2.0”, você defendia a não distinção entre hipermídia e hipertexto. Atualmente você manteria essa posição? Por que?

George Landow: Os textos de computador -sejam eles hipertextos ou não- podem facilmente incluir imagens e textos alfanuméricos, já que, em computadores, é possível armazenar tanto palavras como imagens na forma de códigos. A interconexão destes textos ou de combinações de textos e imagens já é o hipertexto (e a hipermídia). Não vejo como faria sentido distinguir entre os dois. Por outro lado, deveríamos fazer uma distinção entre o hipertexto e o texto animado, como os criados com (os softwares) Flash ou Director.


A hipermídia, de certa forma, é vista na atualidade como mais uma ferramenta que permite um arquivamento e uma relação temática entre conceitos do que propriamente uma linguagem. Como pensa a relação entre tecnologia e linguagem? Como pensa a questão da máquina? Será possível uma máquina escrever? Ou a própria escritura já é uma máquina?

Landow: Eu vejo a escritura como uma das primeiras e mais importantes tecnologias desenvolvidas pelo homem, e cada um dos seus conjuntos de ferramentas -buril e argila, pena e pergaminho, talhadeira e pedra, impressão e papel, teclado e tela de computador- afeta a leitura, a escrita e nossas concepções destas.
A leitura e a escritura são sempre materiais, mesmo que o texto do computador seja codificado e virtual. Nós criamos e percebemos nele arranjos físicos muito específicos, através de práticas físicas muito específicas.


O hipertexto e a hipermídia nas redes (WWW) eram vendidos como a possibilidade de democratização da informação, quase como o fim da lógica da propriedade sobre o conhecimento. O que vemos atualmente não é bem isso. Você acha que qualquer informação é “democratizante”?

Landow: Sim e não. Weblogs (blogs) apresentam informações técnicas e escolares, de ótima qualidade, criadas por um grande número de indivíduos que não estão inseridos em instituições acadêmicas. Além disso, muita informação sobre medicina e assuntos acadêmicos encontra-se livremente disponível na WWW, o que democratiza, de forma dramática, alguma informação.
O fato de a hipermídia tender a ser mais democratizante que o material impresso não significa que ela automaticamente crie uma democracia política ou mesmo um sistema educacional mais democratizado -neste último caso, os professores precisam se abrir para as possibilidades de práticas educacionais focadas no aluno e para novos métodos de ensino.


Com a possibilidade de todos os sujeitos no mundo se tornarem “autores” e, portanto, também editores, como você pensa a questão da credibilidade da informação “democratizada” e o compartilhamento dessa autoria efêmera?

Landow: Na minha opinião, o problema não é significativamente agravado pela internet: grandes bibliotecas sempre tiveram grandes quantidades de trabalhos de baixa qualidade, ou repletos de falhas. Eu acredito que nós devamos desenvolver diversas classes ou níveis de autenticação, dependendo das necessidades do leitor. Grupos de acadêmicos, cientistas, técnicos e aqueles com conhecimento sobre a disciplina deverão dar uma primeira autenticação aos trabalhos publicados on-line, ou o valor dos trabalhos será medido por revisores identificados.
Há vários anos cientistas trabalhando no campo da física de alta energia vêm publicando seus trabalhos na WWW, antes de sua impressão. Muitos físicos já me disseram que o único motivo pelo qual consultam estas versões eletrônicas não-vetadas e pré-impressões é por serem capazes de decidir se um ensaio, uma teoria ou um experimento pareça ser digno de leitura. De forma similar, muitos indivíduos consultam avaliações on-line de filmes, ou outras informações referentes a seu hobby ou lazer, que são criadas de forma muito mais democrática que as versões impressas.


Tradução de Priscila Adachi.


Cícero Inácio da Silva
É professor da PUC – SP e responsável pela disciplina Hipermídia e Interatividade na Pós-graduação em Comunicação, Arte e Tecnologia da Belas Artes de São Paulo. É autor de “As mulheres de Derrida” (Witz Editora), “Hipermidialogia” (Espectros Editorial),entre outros. Site: www.pucsp.br/~cicero

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Teste Professor Antenado

Faça este teste e descubra se você é um professor antenado quanto ao uso das tecnologias da informação e comunicação. Responda as questões abaixo e descubra o quanto você sabe usar os recursos tecnológicos na hora de ensinar.

1. Ao solicitar uma pesquisa para seus alunos, você faz o quê?
( ) Dá o tema, deixando claro que o aluno terá de se virar sozinho para realizar a tarefa;
( ) Orienta como pesquisar na internet, usando palavras-chave, combinando símbolos etc.;
( ) Além de orientar, indica a bibliografia sobre o assunto na internet e apresenta uma pré-seleção de sites, estimulando o aluno a ir atrás de outros para dar conta do trabalho.

2. Que tipo de dicas você dá para os alunos apresentarem a pesquisa feita na internet?
( ) Nenhuma. Os alunos costumam fazer o “corta e cola” na íntegra do que for interessante;
( ) Você sugere que os alunos preparem um texto, a partir das fontes escolhidas, utilizando o “corta e cola”;
( ) Você sugere que os alunos leiam as informações pesquisadas e, a partir das mais interessantes, sejam capaz de produzir um texto de sua autoria.

3. Você orienta seus alunos a mencionar o autor e a fonte das informações pesquisadas (texto e foto)?
( ) Nunca faço isso;
( ) Já não falo mais a respeito – estou seguro de que meus alunos tornaram essa preocupação uma prática;
( ) Sempre faço isso.

4. Ao explorar um site ou jogo nas suas aulas no laboratório de informática, você:
( ) Faz uma apresentação prévia de pesquisa, apresentando a estrutura do site ou jogo e indicando o caminho a ser seguido na navegação (exploração controlada);
( ) Usa um modelo de conduta único na apresentação do site ou jogo, mas dá liberdade os alunos navegarem depois livremente (exploração orientada);
( ) Promove uma discussão prévia com os alunos, deixando claro o leque de possibilidades na pesquisa do site ou jogo (exploração aberta).

5. Você estimula seus alunos a criar um grupo de trabalho virtual para organizar e desenvolver um projeto?
( ) Não, eu não estimulo meus alunos a agirem deste modo;
( ) Eu estimulo meus alunos a trabalhar em grupo só em sala de aula (e na escola);
( ) Sempre oriento eles a criarem grupos de trabalho virtual.

6. Por causa de um trabalho, você orienta sua turma a trocar informações com alunos de outras escolas?
( ) Meus alunos só trabalham no espaço da escola e a troca de informações acontece exclusivamente com os colegas da classe ou, no máximo, colegas de outras turmas da escola;
( ) Os alunos trocam informações com outras escolas em projetos específicos;
( ) É rotina dos meus alunos trabalhar em grupos online, trocando informações com alunos de outras escolas.

7. Você incentiva seus alunos a integrar as redes sociais para promover a colaboração de especialistas do tema do seu trabalho escolar?
( ) Eu não estimulo meu aluno a ir atrás de especialistas nem a acessar informações sobre eles;
( ) Eu oriento a acessar informações online sobre esses especialistas, mas não a interagir com eles;
( ) Eu oriento a sempre acessar as redes sociais para a ter a opinião direta de um ou mais especialistas do tema em destaque no seu trabalho.

8. Você interage com seus alunos usando as redes sociais, para desenvolver um trabalho escolar?
( ) Não, não tenho essa prática; todas as dúvidas são resolvidas em sala de aula;
( ) Resolvo as dúvidas apenas por email com meu aluno;
( ) Estimulo meu aluno a usar as redes sociais, interagindo comigo para desenvolver o seu projeto.

9. O trabalho do seu aluno está concluído. Você incentiva seu aluno a publicar na internet?
( ) Não, não incentivo ele a fazer isso;
( ) Sim, incentivo ele a compartilhar na rede fechada da escola;
( ) Sim, incentivo ele a disponibilizar na internet de modo a que qualquer usuário possa acessar o seu trabalho.

10.Você estimulou seu aluno a publicar seu trabalho na internet. Como é que isso acontece?
( ) Ele publica o trabalho, mesmo sem ter minha avaliação;
( ) Ele publica o trabalho só depois da minha avaliação, mas não o estimulo a interagir com os colegas na internet sobre ele;
( ) Ele publica o trabalho só depois das minhas correções – e ainda o oriento a receber críticas na internet para que ele seja aperfeiçoado.

11.Você tem algum tipo de espaço virtual (Facebook, Twitter, blog, etc.) e estimula seu aluno a acessar este ambiente?
( ) Eu não tenho espaço virtual;
( ) Eu tenho um espaço virtual, mas ele é usado para interagir com outros professores;
( ) Eu tenho um espaço virtual – ele serve para se relacionar com outros professores e com os alunos também.

12.A respeito dos recursos tecnológicos aqui em destaque – produção de vídeos e Pod-cast, uso de aplicativos (slide e texto), construção de redes virtuais (Facebook, Twitter etc), elaboração de planilhas eletrônicas e banco de dados –, quais são os que você estimula seu aluno a usar para desenvolver um trabalho escolar?
( ) Eu não estimulo meu aluno a usar esses recursos para desenvolver um trabalho;
( ) Eu oriento às vezes a usar esses recursos – e o resultado é que meu aluno é capaz de combinar até três deles para desenvolver um trabalho;
( ) Eu estimulo meu aluno de tal maneira a usar esses recursos que ele é capaz de combinar a maioria destas mídias para desenvolver um trabalho.

13. Em síntese, a respeito das tecnologias da informação e comunicação, como você no seu dia-a-dia se vê?
( ) Eu sou resistente e nunca lanço mão desses recursos nas atividades da minha classe;
( ) Eu tenho alguma familiaridade com os recursos tecnológicos, mas só os básicos e os que eu domino;
( ) Eu estou integrado ao uso das tecnologias da informação e comunicação – e também me apóio no conhecimento dos meus alunos para desenvolver um determinado projeto.

Contagem de pontos
Faça a contagem dos seus pontos seguindo os critérios abaixo:
1ª alternativa – 0 ponto
2ª alternativa – 1 ponto
3ª alternativa – 2 pontos

Resultado:
De 0 a 8 pontos – Você precisa de ajuda!
Está mais do que na hora de você se ligar e investir no próprio desenvolvimento profissional, informando-se sobre as tecnologias da informação e da comunicação cada vez mais presentes (e relevantes) em sala de aula. É preciso, com urgência, que você comece a se reciclar para reencontrar a qualidade do ensino.

De 9 a 18 pontos – Você está chegando lá!
Você não ignora a imersão das tecnologias digitais no meio escolar, por isto, esforça-se em utilizá-la, mesmo porque você já percebeu que é inevitável agregá-las ao ensino já elas já fazem parte da vida dos seus alunos. Observe apenas em que aspectos você pode inovar e busque um maior domínio destes aparatos tecnológicos para que você possa explorar ao máximo as potencialidades das tecnologias.

De 19 a 26 pontos - Professor moderninho
Parabéns, você é um verdadeiro professor do século 21! Você está perfeitamente antenado nas tecnologias da informação e comunicação e sabe tirar o melhor proveito delas para o seu aprendizado. Aproveite! E mais: compartilhe esse conhecimento tecnológico com os outros professores da escola.

O Bom Professor.

Bom professor é aquele que valoriza todas as potencialidades do aluno. Este precisa sentir que é aceito, amado e respeitado. Sua atividade deve ser uma manifestação de ternura e vigor.

O bom professor, na construção do coletivo em sala de aula, educa para a responsabilidade, desenvolvendo a auto-estima e a auto-confiança.

O bom professor não sabe apenas transmitir conhecimentos, mas é o motivador, o articulador, o doador, o esclarecedor.

O bom professor é alguém que leva o aluno a reconstruir suas estruturas e a construir outras novas, não levando simplesmente à memorização e acumulação passiva de informações.

O bom professor implementa, cria e aplica atividades interessantes, ricas e variadas, em função das características, necessidades e realidades dos alunos aos quais serve.

O bom educador planeja e troca experiências com seus alunos, recupera e trabalha com a fala e as hipóteses destes, para melhor avaliar seu trabalho. Ele é capaz de coordenar esse processo que favorece o trabalho coletivo.

O educador consciente da importância do seu trabalho, da sua função, enfatiza, valoriza e incentiva o pensamento e a criatividade do aluno na resolução de situações diversas.

Todo bom educador assume o papel de problematizador, para que os alunos busquem novas conclusões, através do conflito. Dessa forma, ele leva o aluno a observar, comparar, classificar, analisar, sintetizar, interpretar, criticar, imaginar, aplicar, concluir, transferir, decidir...

Este educador, para oferecer uma aprendizagem de qualidade ao aluno, mantém um compromisso permanente:

com a melhoria do que ensina (valores, habilidades e conhecimentos);
com a melhoria de como ensina (métodos, técnicas);
com a melhoria dos materiais que usa para ensinar (livros, jornais, vídeos...);
com a melhoria das estratégias de avaliação (desempenhos, projetos etc.);
com a utilização de variadas tecnologias de aprendizagem e de ensino, na intenção de enriquecer a sua prática pedagógica;
com a participaçao em eventos, cursos de capacitação e atualização, de crescimento humano, social e profissional.
O bom educador não convive com fracassos, não avalia baseado no medo, nas notas, no erro, na crítica pura dos pontos fracos.

O bom educador, ao contrário, constrói um clima de estimulação, cooperação, autonomia, parceria, confiança e sucesso do aluno.

O bom educador, por fim, em uma sociedade transformadora e em constantes mudanças, forma cidadãos críticos e atuantes, trabalhando o aluno na sua totalidade e individualidade.

O bom educador promove assim um processo educativo que satisfaz e capacita o aluno a poder intervir, transformando e melhorando a sua sociedade.

Instituto Vicente Pallotti