domingo, 25 de setembro de 2011

Maria Elizabeth de Almeida fala sobre tecnologia na sala de aula

Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida alerta que o currículo escolar não pode continuar dissociado das novas possibilidades tecnológicas

Elisângela Fernandes mailto:novaescola@atleitor.com.br

Foto: Marina Piedade
MARIA ELIZABETH BIANCONCINI DE ALMEIDA

Foto: Marina Piedade


Em um mundo cada vez mais globalizado, utilizar as novas tecnologias de forma integrada ao projeto pedagógico é uma maneira de se aproximar da geração que está nos bancos escolares. A opinião é de Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, coordenadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). 

Defensora do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) em sala de aula, Beth Almeida faz uma ressalva: a tecnologia não é um enfeite e o professor precisa compreender em quais situações ela efetivamente ajuda no aprendizado dos alunos. "Sempre pergunto aos que usam a tecnologia em alguma atividade: qual foi a contribuição? O que não poderia ser feito sem a tecnologia? Se ele não consegue identificar claramente, significa que não houve um ganho efetivo", explica. 

Nesta entrevista para NOVA ESCOLA, a especialista no uso de novas tecnologias em Educação, formação docente e gestão falou sobre os problemas na formação inicial e continuada dos professores para o uso de TICs e de como integrá-las ao cotidiano escolar. 

O que é o webcurrículo? MARIA ELIZABETH BIANCONCINI DE ALMEIDA É o currículo que se desenvolve por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação, especialmente mediado pela internet. Uma forma de trabalhá-lo é informatizar o ensino ao colocar o material didático na rede. Mas o webcurrículo vai além disso: ele implica a incorporação das principais características desse meio digital no desenvolvimento do currículo. Isto é, implica apropriar-se dessas tecnologias em prol da interação, do trabalho colaborativo e do protagonismo entre todas as pessoas para o desenvolvimento do currículo. É uma integração entre o que está no documento prescrito e previsto com uma intencionalidade de propiciar o aprendizado de conhecimentos científicos com base naquilo que o estudante já traz de sua experiência. O webcurrículo está a favor do projeto pedagógico. Não se trata mais do uso eventual da tecnologia, mas de uma forma integrada com as atividades em sala de aula. O uso das TICs facilita o interesse dos alunos pelos conteúdos? MARIA ELIZABETH Sim, pois estamos falando de diferentes tecnologias digitais, portanto de novas linguagens, que fazem parte do cotidiano dos alunos e das escolas. Esses estudantes já chegam com o pensamento estruturado pela forma de representação propiciada pelas novas tecnologias. Portanto, utilizá-las é se aproximar das gerações que hoje estão nos bancos das escolas.

Como integrar efetivamente essas tecnologias ao currículo escolar e ao projeto pedagógico?

MARIA ELIZABETH A primeira coisa é ter a tecnologia disponível. É por isso que não se observam resultados tão favoráveis quando há apenas um laboratório para toda a escola. A tecnologia tem de estar na sala de aula, à mão no momento da necessidade. Pode ser um pequeno laboratório na sala ou um computador por aluno. Não estou falando exclusivamente de computador, mas de diversas tecnologias digitais. 

A ideia do computador como o único acesso às TICs é ultrapassada? MARIA ELIZABETH Sem dúvida! Não que o laboratório não deva existir. Ele precisa estar na escola, mas passa a ser ressignificado. O laboratório é para uma atividade mais sofisticada, que exige recursos de uma reconfiguração, digamos, mais pesada e atualizada. Essa tecnologia precisa estar à mão para a produção de conhecimento dos alunos à medida que surja a necessidade. Isso pressupõe um alto investimento, incompatível com a infraestrutura de muitas escolas. MARIA ELIZABETH O porcentual de alunos em escolas muito precárias é pequeno. Em termos de política pública, não há solução única. É preciso buscar ações diferenciadas. Há que superar esses desafios quase simultaneamente e trabalhar em duas frentes: recuperar atrasos, alguns bem antigos, e inserir essa nova geração na sociedade digital. Os telefones celulares já são amplamente acessíveis e oferecem muitas possibilidades didáticas - o trabalho com fotos, filmagens, mensagens e mesmo com a internet -, mas a maioria das escolas prefere proibi-los. Não é uma atitude retrógrada? MARIA ELIZABETH Vetar o uso não adianta nada porque o aluno vai levar e utilizar ali, embaixo da carteira. É preciso criar estratégias para que os celulares sejam incorporados, pois oferecem vários recursos e não custam nada à escola. A proibição só incentiva o uso escondido e a desatenção na dinâmica da aula. Geralmente os estudantes, inclusive de escolas públicas, têm celular e o levam a todos os lugares. Ele é o instrumento mais usado pela população brasileira. Basta olhar as estatísticas. O que o webcurrículo prevê é o uso integrado da tecnologia. Os alunos, com seu celular, podem fazer o registro daquilo que encontram numa pesquisa de campo. Podem trabalhar textos e fotos e preparar pequenos documentários em vídeo. Isso precisa estar integrado ao conteúdo. E como enfrentar as questões éticas e desenvolver uma postura crítica em relação a essas mídias? MARIA ELIZABETH Da mesma forma que nos preocupamos com essas questões em todos os campos. A tecnologia não é uma exceção, até porque ela potencializa o trabalho com diversas mídias, com imagens e textos. Ela facilita a cópia, o plágio. Mas não que isso não existisse antes. O bom é que, assim como simplifica a fraude, também facilita a detecção. E o que nos cabe como educadores? Cabe ajudar o aluno a entender o que é ético para que ele possa se pautar por uma conduta adequada aos dias de hoje, mas baseado em princípios que sempre existiram. A única novidade é o meio. Temos bons exemplos de currículos que já incorporaram a tecnologia? MARIA ELIZABETH Já temos várias iniciativas importantes no país, mas é preciso ter em mente que os resultados, em Educação, não vêm em um curto prazo. Os currículos estão se alterando hoje e a diferença será sentida daqui a algum tempo. Mas a hora da mudança é agora. As pesquisas conseguem demonstrar o impacto do uso das tecnologias no aprendizado dos alunos? MARIA ELIZABETH É preciso trabalhar com a perspectiva de análise macro, pois ela é importantíssima para ter a ideia do que acontece no todo. Entretanto, é necessário fazer estudos de casos específicos porque assim é possível identificar as inovações, aquilo que aparece de mudança, o que há de diferente. Para detectar os fatores que levaram à aprendizagem, é preciso acompanhar o aluno por algum tempo. Às vezes, ele demonstra um rendimento muito bom, mas isso é anterior e não necessariamente está relacionado ao uso das TICs. É difícil pegar essas situações. Os exames nacionais e internacionais não são feitos para identificar esses aprendizados. Nós vivemos uma situação paradoxal. Os sistemas de ensino estão preocupados em desenvolver os alunos para que eles tenham autonomia para atuar em uma sociedade em constante mudança. Mas o ritmo das escolas é o oposto disso. O que é preciso para que a tecnologia seja integrada ao currículo? MARIA ELIZABETH O currículo da sala de aula não é apenas o prescrito. Ele se desenvolve do que emerge das experiências de alunos e professores, do diálogo entre eles. Nesse sentido, o uso das TICs pode auxiliar muito porque, quando é desenvolvido um currículo mediatizado, é feito o registro dos processos e com essa base é possível identificar qual foi o avanço do aluno, quais as suas dificuldades e como intervir para ajudá-lo. Isso é pouco aproveitado ainda. Uma recente pesquisa da Fundação Victor Civita (FVC) mostrou que 72% dos entrevistados não se sentem seguros em utilizar computadores na escola. A graduação não forma o professor para lidar com a tecnologia? MARIA ELIZABETH Não, a formação inicial não está dando conta disso. Temos vários estudos em que o professor reconhece que a tecnologia é importante e ele quer utilizá-la. Mas não é apenas porque tem pouco domínio que não a emprega. Para integrar as tecnologias, é preciso deter tanto o domínio instrumental como o conteúdo que deve ser trabalhado, as próprias concepções de currículo e as estratégias de aprendizagem. Tudo isso precisa ser integrado numa formação que alguns especialistas já chamam de "nova pedagogia". Isso explica por que a pesquisa da FVC mostrou que 18% das escolas que têm laboratório de informática não usam o recurso com os alunos? MARIA ELIZABETH Provavelmente isso ocorre porque um único laboratório é muito pouco para dar conta da quantidade de alunos. Isso desestimula os professores, que, no máximo, conseguem levar a turma duas vezes por semana. Aí não se cria uma cultura de mudança e de integração da tecnologia com o currículo por total falta de tempo.
Há algum trabalho de formação para as TICs sendo feito hoje no país?

MARIA ELIZABETH Tem havido muitos programas públicos de formação continuada, entretanto há uma rotatividade enorme dos professores e isso se perde. Precisamos investir na ampliação do acesso às tecnologias e, principalmente, nessa formação. 

O que devem contemplar os cursos de formação de professores? Especialistas dizem que eles devem tratar de atividades ligadas aos conteúdos... MARIA ELIZABETH Não se pode separar forma de conteúdo. É preciso integrar o conteúdo à tecnologia, às estratégias de aprendizagem e às de ensino. Tudo isso precisa ser relacionado e analisado pelo professor. Mas é preciso cuidar da gestão desses programas de formação e principalmente da mediação pedagógica que ocorre nessa formação. Tanto as universidades públicas como as privadas precisam trabalhar com a realidade da sala de aula e estar comprometidas com a reflexão sobre a prática. É possível para a escola acompanhar o ritmo de avanço das tecnologias? MARIA ELIZABETH Não é necessário que isso ocorra. O importante é que o professor tenha oportunidade de reconhecer as potencialidades pedagógicas das TICs e aí assim incorporá-las à sua prática. Nem todas as tecnologias que surgirem terão potencial. Outras inicialmente podem não ter, mas depois o quadro muda. Primeiro, é preciso utilizar para si próprio para depois pensar sobre a prática pedagógica e as contribuições que as TICs podem trazer aos processos de aprendizagem. Daí a importância dos programas de formação. O ensino a distância é uma tendência ou apenas uma alternativa? MARIA ELIZABETH A Educação a distância não significa outra Educação. Educação a distância é Educação mediatizada por tecnologia. Quanto será presencial ou a distância, são as situações que vão dizer. Essa oposição entre uma e outra vai se perder. É possível ter Educação de qualidade a distância e sem qualidade na forma presencial, ou vice-versa. Não é a modalidade que garante a qualidade. A ideia de um professor diante de um quadro falando para 30 alunos sentados, ouvindo e anotando em seu caderno tem futuro? MARIA ELIZABETH É uma coisa relativizada e não será abandonada. O professor detém um conhecimento científico maior e é absolutamente normal que ele exponha uma aula. Só que isso não pode ser um monólogo nem imperar o tempo inteiro. É fundamental que diferentes dinâmicas ocorram em sala de acordo com o projeto pedagógico.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Uso da tecnologia, ajudando no tratamento de crianças.

Pessoal, adorei a reportagem abaixo e gostaria de  compartilhar com vocês.

HC monta Biblioteca Digital para aproveitar equipamentos eletrônicos e reduzir risco de contaminação

Os jogos eletrônicos no Instituto da Criança são mais um recurso à disposição que complementa a fisioterapia tradicional para a reabilitação do paciente Livro eletrônico, computadores e videogames passam a fazer parte do cotidiano dos pacientes mirins do Serviço de Onco-Hematologia do Instituto da Criança (Itaci) do Hospital das Clínicas. Os novos recursos tecnológicos começam a ser usados nas aulas da classe hospitalar, na reabilitação fisioterapêutica para brincar e passar o tempo. Tudo para diminuir o risco de contaminação, que é maior quando o paciente tem imunidade muito baixa, explica a supervisora administrativa do Itaci, Kátia Regina de Oliveira. O Itaci trata doenças graves como câncer, leucemia, transplantes de medula óssea e anemia falciforme.

Higienizar e desinfectar o material eletrônico é mais fácil do que os feitos de outros materiais como papel, enfatiza a supervisora. O uso de papel ficará ainda mais restrito. Na brinquedoca, observa-se o mesmo cuidado. Só entram brinquedos produzidos de plástico, acrílico, policarboneto e outros materiais laváveis. Teclados e controles remotos, por exemplo, são encapados com filmes plásticos. Os novos equipamentos eletrônicos ficarão num espaço de 35 metros quadrados, batizado de Biblioteca Digital.

Inaugurada no último dia 31, seu acervo dispõe de oito computadores, oito IPads, quatro notebooks, duas TVs de 42 polegadas, videogames Wii, playstation 3, kniect, DVDs, e-books, além de jogos e aplicativos. É na Biblioteca Digital que serão ministradas as aulas da classe hospitalar para quem está impossibilitado de ir à escola ou precisa dar continuidade ao estudo durante tratamento. "Poucos conseguem frequentar a escola", lamenta a supervisora. Em média, ficam de 22 a 30 dias no hospital. Para casos mais graves, a internação é bem mais longa. O Itaci dispõe de 19 leitos, todos ocupados. A previsão é dobrar esse número em janeiro de 2012.
Lúdico e terapêuticoOs equipamentos serão usados como recurso fisioterapêutico na reabilitação das crianças. As fisioterapeutas passam por curso de formação em jogos eletrônicos para indicação adequada do jogo e execução correta da brincadeira para solucionar ou amenizar alterações ortopédicas e neurológicas. Conhecedora de jogos eletrônicos, a fisioterapeuta Samira Yasukawa vê possibilidades do seu uso terapêutico. São especialmente indicados os jogos que exigem movimentação, equilíbrio e alongamento, diz a profissional. "É um recurso lúdico e estimulante, por fazer parte da vida deles. Mas não é só para jogar".

Brendall Dankar da Silva, 9 anos, é só sorrisos quando fala de seu jogo predileto, o Mario Bros, da Nintendo. "O mais legal é brincar no mundo do gelo (Mario Bros) e vencer as etapas. Prefiro ficar no computador, mas gosto de pintar e brincar com carrinho e bonecas". A mãe, Dolores da Silva Souza, diz que o menino até fica bravo quando não consegue vencer uma fase do jogo e gostaria de ajudá-lo, mas não entende de eletrônicos. A supervisora informa que o Itaci pensa em dar aula de informática aos pais. "É uma maneira de aproveitar melhor os equipamentos da biblioteca e de ser útil aos pais que passam bastante tempo aqui".
A biblioteca vai ao quartoMesmo tomando medicação injetável, Brendall Dankar da Silva tem disposição de brincar no Xbox. Animado, capta cada movimento do jogo e imita-o direitinho. Vendo o garoto entretido, a recreacionista Marli Inês Rodrigues diz: "Vou treinar bastante e ficar craque para brincar com eles". O jogo trabalha a coordenação motora e a percepção corporal e deixa o paciente livre para executar os movimentos, explica a fisioterapeuta. "Mesmo os jogos tradicionais podem ser úteis se forem criadas 'dificuldades': Em vez de ficar sentada enquanto joga, a criança se movimenta, equilibra-se numa prancha ou pula numa cama elástica".

Gabriela Nunes dos Santos, 14 anos, está encantada com a possibilidade de brincar no computador e com os jogos. "Gosto muito do Nintendo. Costumo jogar futebol, basquete e vôlei". Diz que estreou a Biblioteca Digital quando já estava melhor. Quando faz quimioterapia, fica no quarto e se distrai no notebook. "Mas já pintei muitos quadros", acrescenta e mostra um deles que guarda ao lado da cama. Sua acompanhante de quarto, a prima Lidiane de Jesus Santos, diz que se atrapalha um pouco com as novas tecnologias, "mas eu adoro mexer com isso".

Lidiane conta que a garota acorda sorrindo e animada mesmo depois do tratamento para curar o câncer no joelho, descoberto há seis meses durante a aula de educação física, quando levou uma queda. "É bom ela ter algo para se distrair e aprender". A fisioterapeuta explica que os equipamentos eletrônicos e as aulas da classe hospitalar vão até os quartos quando o paciente está debilitado para ir à biblioteca ou à brinquedoteca. O acervo da biblioteca foi doado pela Associação Beneficente Alzira Denise Hertzog da Silva.
3,2 mil pacientes mirins por mêsO Serviço de Onco-Hematologia do Instituto da Criança (Itaci) integra o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Distribuído em três andares, cada qual homenageia um elemento: água, terra e ar. Os ambientes são coloridos, há desenhos de temática infantil espalhados pelos corredores, bichinhos nos consultórios e brinquedos no ambulatório.

Inaugurado em 2002, atende a 3,2 mil pacientes pessoas com doenças onco-hematológicas por mês. São mais de 1,1 mil consultas, 550 quimioterapias e mil atendimentos feitos pela equipe multiprofissional - psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Jogo da literatura

Você se lembra de personagens, acontecimentos e estilos de escrita dos clássicos que já leu ou ouviu falar? Neste jogo, avalie seu conhecimento sobre 25 livros nacionais e estrangeiros relacionando os trechos apresentados às respectivas obras. Bom jogo!


O enigma das frações

Com este jogo, seus alunos vão refletir sobre os diferentes conceitos de fração.



O Jogo do hífen

O jogo para você treinar as regras de utilização do Hífen, de acordom com a nova ortografia da língua Portuguesa.



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sensor permite mudar canal de TV com a força do pensamento.


Protótipo apresentado na Alemanha usa sensores em lóbulo da orelha. 
Modelo só reconhece um único comando, mas ainda deve evoluir. 
Controle TV com o cérebro (Foto: Reprodução)
Um protótipo apresentado na IFA, feira alemã de tecnologia, permite usar ondas cerebrais para comandar um aparelho de TV. Batizado de "Brain Waive", o equipamento criado pela chinesa Haier promete substituir o controle remoto por um capacete com sensores embutidos. 
De acordo com a fabricante, o protótipo capta alterações da atividade cerebral perceptíveis por alterações elétricas transmitidas em áreas como a testa e os lóbulos das orelhas. 
Por enquanto, o protótipo é capaz apenas de identificar um comando único. O modelo foi utilizado na demonstração na IFA como um jogo eletrônico. Em breve, acreditam os criadores, será possível desenvolver sensores capazes de distinguir entre comandos diferentes, o que permitiria trocar canais e aumentar ou diminuir o volume do áudio de um aparelho de TV.
Fonte: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/09/sensor-permite-mudar-canal-de-tv-com-forca-do-pensamento.html

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Roger Chartier: "Os livros resistirão às tecnologias digitais"

Especialista em história da leitura afirma que a Internet pode se transformar em aliada dos textos por permitir sua divulgação em grande escala.


O francês Roger Chartier - é um dos mais reconhecidos historiadores da atualidade. Professor e pesquisador da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e professor do Collège de France, ambos em Paris, também leciona na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e viaja o mundo proferindo palestras.



Sua especialidade é a leitura, com ênfase nas práticas culturais da humanidade. Mas ele não se debruça apenas sobre o passado. Interessa-se também pelos efeitos da revolução digital. "Estamos vivendo a primeira transformação da técnica de produção e reprodução de textos e essa mudança na forma e no suporte influencia o próprio hábito de ler", diz.



Diferentemente dos que prevêem o fim da leitura e dos livros por causa dos computadores, Chartier - acha que a internet pode ser uma poderosa aliada para manter a cultura escrita. "Além de auxiliar no aprendizado, a tecnologia faz circular os textos de forma intensa, aberta e universal e, acredito, vai criar um novo tipo de obra literária ou histórica. Dispomos hoje de três formas de produção, transcrição e transmissão de texto: a mão, impressa e eletrônica - e elas coexistem."

No fim de junho, Chartier - esteve no Brasil para lançar seu livro Inscrever & Apagar, em que discute a preservação da memória e a efemeridade dos textos escritos. Nesta entrevista, ele conta como a leitura se popularizou no século 19, mas destaca que bem antes disso já existiam textos circulando pelos lugares mais remotos da Europa na forma de literatura de cordel e de bibliotecas ambulantes. Confira os principais trechos da conversa.


Como era, no passado, o contato das crianças e dos jovens com a leitura?ROGER CHARTIER A literatura se restringia às peças teatrais. As representações públicas em Londres, como podemos ver nas últimas cenas do filme Shakespeare Apaixonado, e nas arenas da Espanha são exemplos disso. Já nos séculos 19 e 20, as crianças e os jovens conheciam a literatura por meio de exercícios escolares: leitura de trechos de obras, recitações, cópias e produções que imitavam o estilo de autores antigos, como as famosas cartas da escritora Madame de Sévigné (1626-1696) e as fábulas de La Fontaine (1621-1695).

Quando a leitura se tornou popular?CHARTIER No século 19, surgiu um novo contingente de leitores: crianças, mulheres e trabalhadores. Para esses novos públicos, os editores lançaram livros escolares, revistas e jornais. Porém, desde o século 16, existiam livros populares na Europa: a literatura de cordel na Espanha e em Portugal, os chapbooks (pequenos livros comercializados por vendedores ambulantes) na Inglaterra e a Biblioteca Azul (acervo que circulava em regiões remotas) na França. Por outro lado, certos leitores mais alfabetizados que os demais se apropriaram dos textos lidos pelas elites.O livro O Queijo e os Vermes, do italiano Carlo Guinzburg, publicado em 1980, relata as leituras de um moleiro do século 16.
As práticas atuais de leitura têm relação com as práticas do passado?CHARTIER É claro. Na Renascença, por exemplo, a leitura e a escrita eram acessíveis a poucas pessoas, que utilizavam uma técnica conhecida como loci comunes, ou lugares-comuns, ou seja, exemplos a serem seguidos e imitados. O leitor assinalava nos textos trechos para copiar, fazia marcações nas margens dos livros e anotações num caderno para usar essas citações nas próprias produções. No século 16, editores publicaram compilações de lugares-comuns para facilitar a tarefa dos leitores, como fez o filósofo Erasmo de Roterdã (1466-1536).
Em que medida compreender essas e outras práticas sociais de leitura pode transformar a relação com os textos escritos?CHARTIER Os estudos da história da leitura costumam esquecer dois importantes elementos: o suporte material dos textos e as variadas formas de ler. Eles são decisivos para a construção de sentido e interpretação da leitura em qualquer época. Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes (1547-1616), era lido em silêncio, como hoje, mas também em voz alta, capítulo por capítulo, para platéias de ouvintes. Todas as pesquisas nessa área formam um patrimônio comum com o qual os professores podem construir estratégias pedagógicas, considerando as práticas de leitura.
Que papel a literatura ocupa na Educação atual?CHARTIER A escola se afastou da literatura, principalmente no Brasil, porque está preocupada em oferecer ao maior número possível de crianças as habilidades básicas de leitura e escrita. Mas acredito que os professores devem acolher a literatura novamente, da alfabetização aos cursos de nível superior, como mostram várias experiências pedagógicas. Na França, por exemplo, um filme recém-lançado exibe uma peça do dramaturgo Pierre de Marivaux (1688-1763) encenada por jovens moradores de bairros pobres.
Muitos dizem que desenvolver o gosto dos jovens pela leitura é um desafio.CHARTIER Certamente. Mas é papel da escola incentivar a relação dos alunos com um patrimônio cultural cujos textos servem de base para pensar a relação consigo mesmo, com os outros e o mundo. É preciso tirar proveito das novas possibilidades do mundo eletrônico e ao mesmo tempo entender a lógica de outro tipo de produção escrita que traz ao leitor instrumentos para pensar e viver melhor.
O senhor quer dizer que a internet pode ajudar os jovens a conhecer a riqueza do mundo literário?CHARTIER Sim. O essencial da leitura hoje passa pela tela do computador. Mas muita gente diz que o livro acabou, que ninguém mais lê, que o texto está ameaçado. Eu não concordo. O que há nas telas dos computadores? Texto - e também imagens e jogos. A questão é que a leitura atualmente se dá de forma, fragmentada, num mundo em que cada texto é pensado como uma unidade separada de informação. Essa forma de leitura se reflete na relação com as obras, já que o livro impresso dá ao leitor a percepção de totalidade, coerência e identidade - o que não ocorre na tela. É muito difícil manter um contato profundo com um romance de Machado de Assis no computador.
Essa fragmentação dos conteúdos na internet não afeta negativamente a formação de novos leitores?CHARTIER Provavelmente sim. Na internet, não há nada que obrigue o leitor a ler uma obra inteira e a compreender em sua totalidade. Mas cabe às escolas, bibliotecas e meios de comunicação mostrar que há outras formas de leitura que não estão na tela dos computadores. O professor deve ensinar que um romance é uma obra que se lê lentamente, de forma reflexiva. E que isso é muito diferente de pular de uma informação a outra, como fazemos ao ler notícias ou um site. Por tudo isso, não tenho dúvida de que a cultura impressa continuará existindo.
As novas tecnologias não comprometem o entendimento e o sentido completo de uma obra literária?CHARTIER Sim e não. A pergunta que devemos nos fazer é: o que é um texto? O que é um livro? A tecnologia reforça a possibilidade de acesso ao texto literário, mas também faz com que seja difícil apreender sua totalidade, seu sentido completo. É a mesma superfície (uma tela) que exibe todos os tipos de texto no mundo eletrônico. É função da escola e dos meios de comunicação manter o conceito do que é uma criação intelectual e valorizar os dois modos de leitura, o digital e o papel. É essencial fazer essa ponte nos dias de hoje.
O novo suporte tecnológico pode auxiliar a leitura, mas não necessariamente o desempenho escolar.CHARTIER Pesquisas realizadas em vários países mostram que o uso do computador na Educação, quando acompanhado de métodos pedagógicos, melhora, sim, o aprendizado, acelera a alfabetização e permite o domínio das regras da língua, como a ortografia e a sintaxe. É preciso desenvolver políticas públicas que tenham por objetivo a correta utilização da tecnologia na sala de aula.
O senhor acha que o e-paper (dispositivo eletrônico flexível como uma folha de papel) é o futuro do livro?CHARTIER Os textos eletrônicos são abertos, maleáveis, gratuitos e esses aspectos são contrários aos da publicação tradicional de um texto (que pressupõe a criação de um objeto de negócio). Para ser publicado, um texto deve ser estável. Na internet, os textos eletrônicos continuaram protegidos, ou seja, não podem ser alterados, e têm de ser comprados e descarregados no computador do usuário integralmente. Para mim, a discussão sobre o futuro dos livros passa pela oposição entre comunicação eletrônica e publicação eletrônica, entre maleabilidade e gratuidade.
Ao longo da história da humanidade, acompanhamos a passagem da leitura oral para a silenciosa, a expansão dos livros e dos jornais e a transmissão eletrônica de textos. Qual foi a mais radical?CHARTIER Sem dúvida, a transmissão eletrônica. E por uma razão bastante simples: nunca houve uma transformação tão radical na técnica de produção e reprodução de textos e no suporte deles. O livro já existia antes de Guttenberg criar os tipos móveis, mas as práticas de leitura começaram lentamente a se modificar com a possibilidade de imprimir os volumes em larga escala. Hoje temos no mundo digital um novo suporte, a tela do computador, e uma nova prática de leitura, muito mais rápida e fragmentada. Ela abre um mundo de possibilidades, mas também muitos desafios para quem gosta de ler e sobretudo para os professores, que precisam desenvolver em seus alunos o prazer da leitura.
É muito fácil publicar informações falsas na Internet. Como evitar isso?CHARTIER A leitura do texto eletrônico priva o leitor dos critérios de julgamento que existem no mundo impresso. Uma informação histórica publicada num livro de uma editora respeitada tem mais chance de estar correta do que uma que saiu numa revista ou num site. É claro que há erros nos livros e ótimos artigos em revistas e sites. Mas há um sistema de referências que hierarquiza as possibilidades de acerto no mundo impresso e que não existe no mundo digital. Isso permite que haja tantos plágios e informações falsas. Precisamos fornecer instrumentos críticos para controlar e corrigir informações na internet, evitando que a máquina seja um veículo de falsificação.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/roger-chartier-livros-resistirao-tecnologias-digitais-610077.shtml

SALTO PARA O FUTURO - CULTURA DIGITAL E ESCOLA - PGM. 2: COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO EM REDE


No primeiro programa da série "Cultura Digital e Escola", o Salto para o Futuro discute o que seria cultura digital e como se constituem e se caracterizam as redes que surgiram no bojo da cibercultura.

Existe uma cultura digital diferente de uma cultura analógica ou uma cultura pré-digital? Que novas concepções trazem para o fazer humano os aparatos digitais? De que forma a comunicação e a produção que se dão condicionadas pelas tecnologias digitais diferem do que fazíamos antes delas? A produção textual e a forma de ler e de escrever ampliam-se ou ficam restritas a meia dúzia de gírias, quando alunos usam muito seus blogs e redes sociais?




No segundo programa da série "Cultura Digital e Escola", o Salto para o Futuro propõe refletir mais diretamente em redes.

O que é viver em rede? Como é produzir em rede? Será que ninguém mais é responsável por seu trabalho? Como é ensinar em rede? E aprender em rede? A escola pode mesmo ser entendida como uma rede? Então os alunos não vão mais saber fazer nada sozinhos, vão sempre precisar de colegas?

No terceiro programa da série "Cultura Digital e Escola", o Salto para o Futuro apresenta uma discussão sobre o que podemos fazer com a tecnologia digital que não fazíamos antes, sem ela. Procura-se saber como os pesquisadores analisam os aparatos tecnológicos, como os computadores com seus programas, as calculadoras gráficas, e outros tantos aparatos, que são chamados de próteses.

O quarto programa da série, "Outros Olhares sobre Cultura Digital", apresenta três blocos de entrevistas com especialistas.












No último programa da série, Alberto Tornaghi, professor da Universidade Estácio de Sá, José Manuel Moran, professor da Universidade Anhanguera, e Carmen Pimentel, professora da FGV Online, debatem cultura digital e escola a partir das temáticas apresentadas nos outros episódios da série.






Setembro Mês da História


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pesquise no Google Maps

Pesquise no Google Maps a localização da sua escola, é só abrir o site e digitar o nome da rua, numero, cidade e estado:



No google aparecerá desta forma.

A sua escola já ficará marcada com o ponto A.
Se vc clicar em Como chegar e digitar outro endereço o Google mostrar o trajeto a ser Percorrido entre os dois endereços.

Professores utilizem esta ferramenta para ensinar mapas a seus alunos.